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Disco Boy

Dois pontos de vista, dois pontos de partida. O filme Disco Boy do diretor Giacomo Abbruzzese retrata a história de dois personagens que caminham em direções opostas, mas que têm em comum a defesa de sua identidade tribal.

Nos minutos iniciais a câmera que desbrava a floresta se depara com um grupo no Delta do Níger dormindo enfileirados, organizados, explorando as figuras de seus membros, seus rostos pintados, sendo Joga (Morr Ndiaye) um deles, posteriormente é revelado a preocupação com a ameaça de uma empresa petrolífera na região.

No momento seguinte somos apresentados a um outro grupo, urbano, uma torcida organizada da Bielorussia. Um de seus membros, Aleksei (Franz Rogowski), aproveita os dias temporários que seu visto dá permissão para ficar na França para se estabelecer de vez no país, logo em seguida de forma seca e sem grandes explicações ele ingressa na Legião Estrangeira como meio de conseguir uma cidadania francesa.

O tema central do filme é firmado aí, de um lado temos um grupo que se organiza para defender o território e tudo que ele representa em termos de civilização e cultura. E de outro um grupo avança sobre eles para que quem sabe um dia possam ser reconhecidos como parte de um País. É sob essa dicotomia que o filme pretende dialogar.

No momento que a Legião Estrangeira invade o território da aldeia e o embate entre Alekson e Joga ganha vida, o visor da arma com detector de calor humano que Alekson carrega ganha a tela, essa composição meio psicodélica, meio vibrante ressoa ainda mais quando um novo cenário entra em cena.

Não à toa se faz a escolha de um discoteca como personagem título, sendo esse um lugar que nasce a partir da popularização da disco music mais um gênero negro usurpado de sua criatividade para diversão e apropriação dos brancos. A trilha sonora com batidas eletrônicas faz explodir as cores gritantes do detector de calor da mesma forma que faz pulsar as noites da boate. É nesse contraponto que desabrocha uma preocupação bem refinada de fotografia e sonoplastia.

O embate antropológico que o filme tem pretensão de discutir não traz grande profundidade dada a distância emocional e psicológica dos dois protagonistas, dificultando o filme de fluir. 

A direção e o roteiro demonstram um pudor muito grande em tomar partidos, mas no fim escolhem seguir uma visão óbvia e estereotipada. A dança como meio de comunhão com o divino, a militarização frenética. Barradas na discoteque, coragem e personalidade, infelizmente não estavam com o nome na lista.

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