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Bottoms

Existem filmes em que o que se pode esperar de melhor são as possibilidades de inovações e desfechos que novos olhares trazem para um determinado público, que nem sempre teve o poder de comandar suas próprias histórias.

Este filme é sem dúvidas recheado de intenções. Intenção de emancipação, de rir de si sem ser necessariamente o motivo do riso dos outros, intenção de ser instrumento de seu prazer ao invés de excitação dos outros, ou seja, a intenção de deter sua própria narrativa.

É aí que mora o poder e o charme que transforma toda esse enredo sem a menor pretensão de ser sério e verossímil em algo significativo. É poderoso essencialmente porque coloca temas como feminismo, sexualidade e união e rivalidade feminina nas mãos de mulheres que sabem explorar com um jeito genuíno seus dramas, exageros, mas também suas emoções e vulnerabilidades com senso de humor.

“Bottoms” tem direção de Emma Seligman, que divide o roteiro com Rachel Sennott, que também estrela o filme. Nessa trama absurda PJ (Rachel Sennott) e Josie (Ayo Edebiri) são duas lésbicas virgens que após uma fofoca de que passaram o verão em um reformatório juvenil, decidem criar um clube de luta de autodefesa feminina para dar ajuda e apoio para outras meninas da escola, mas a verdadeira intenção delas é fazer sexo com as líderes de torcida. “Bottons” traz referências a “Clube da Luta” e alguns besteiróis adolescentes americanos como “But I’m a cheerleader”.

Exemplos disso não são apenas a criação do clube da luta com suas regras, a pancadaria com banho de sangue e as bombas de fabricação caseira, as cenas em que Hazel (Ruby Cruz) chega em casa escuta gemidos de sexo vindo do andar de cima, lembra quando em “Clube da Luta” o personagem de Edward Norton chega em casa e escuta os mesmo barulhos vindo do andar de cima. Enquanto no filme de David Fischer é Helena Bonham Carter e Brad Pitt que estão transando, no filme de Seligman é a mãe de Hazel que está transando com Jeff (Nicholas Galitzine). Galitzine não perde nenhuma oportunidade de desperdiçar tempo de tela e passa o filme todo sem entrar no personagem.

Além disso, a história da Cheerleader Brittany (Kaya Gerber) que PJ é apaixonada, lembra um pouco a dinâmica enfrentada pela personagem de Natasha Lyonne no filme “But I’m Cheerleader”, mas dessa vez a desconfiança em relação a ele ser lésbica não a leva a um acampamento de reabilitação, mas a uma investida de namoro.

Seligman foi muito generosa em dar a Kaya uma personagem que tem boas oportunidades de fazer rir e ganhar o público, mas o tempo de comédia equivocado da atriz faz esses momentos ficarem perdidos, o que ela faz de melhor é ser uma adolescente que distribui poses e carões por onde passa. Por alguns momentos quando ela entrava em cena com suas calças jeans, sua postura garbosa e seu catwalk inconfundível pensei que alguém tivesse “costurado” a abertura do desfile Valentino Couture, outono de 2023 nos rolos de filmagem do cinema.

À primeira vista, existem variadas formas de entender quais propostas “Bottoms” traz para personalizar e sublinhar sobre a forma de fazer filme que a diretora quer imprimir para distinguir sua obra, umas delas é dar a oportunidade de expressão a mulheres como idealizadoras de suas trajetórias, além de contar histórias queers de forma espontânea.

Emma está o tempo todo a procura de algo que lhe dê uma assinatura, o esforço para isso não é vão, Seligman atinge bons resultados quando explora temas como juventude, poder feminino e liberdade, com linguagem bem humorada e conflitos internos e externos que vão além de uma dramaticidade superficial. Ela tem uma grande criatividade para isso!

Sabe aqueles melodias que professores mais interativos propõem para fixar o matéria  na cabeça dos alunos? Elas são engraçadas, com rimas estranhas, nem todo o conteúdo dela parece fazer sentindo ou ter ligação entre si, mas você consegue absorver exatamente os pontos principais das mensagens e guardá-las, sabe como é? Bem! é exatamente assim que você vai se sentir quando o filme acabar.

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