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Em Outros Tempos

Existem tantas teorias do que faz o amor dentro de um relacionamento acabar. Em Outros Tempos, no entanto, é um filme que trata do antes. Um grande ensaio que nos permite acompanhar de perto o surgimento desse sentimento tão conhecido.

Neste filme australiano de 2023, nós acompanhamos Kol (Elias Anton), um garoto introvertido e apaixonado por dança que ao receber uma ligação de emergência de sua melhor amiga Ebony (Hattie Hook), abandona seus planos de participar da final de um concurso para viajar até outra cidade e buscá-la.

Ele entra em contato com Adam (Thom Green), irmão mais velho de Ebony, e pede sua ajuda para cair na estrada em busca da garota.

Durante essa viagem, nós podemos assistir dois estranhos se conhecendo melhor atráves de diálogos, músicas e piadas.

Em Outros Tempos é bom?

Este filme não é para qualquer um. No entanto, eu não digo isso para insinuar que você precisa ter um nível intelectual superior ou um QI alto para entender a história, mas sim porque o filme tem um ritmo extremamente lento, o que pode entediar muitos telespectadores.

Se para Adam e Kol tudo acontece em 24 horas no primeiro ato, para nós as coisas acontecem de forma bem calma. Afinal, quando Adam conta a Kol que ele possui um ex-namorado, Kol ainda está digerindo coisas sobre si mesmo.

Além dos diálogos, muitas das coisas aqui são retratadas na ausência das palavras.

Detalhes como a duração de um olhar, o flexionar de um músculo, o direcionamento da câmera que nos guiar por onde pelo mesmo trajeto que os olhos de um dos personagens.

Tudo é pensado de forma que nos deixe claro o que está acontecendo, sem precisar verbalizar.

E se essas sutilidades já são o suficiente para deixar o filme especial, nas oportunidades em que os atores podem verbalizar seus “sentimentos”, a atuação é feita de forma tão natural que nos faz compartilhar desse sentir e quase viver aquele momento junto a eles.

Um abraço aqui simboliza um grande ato de coragem. E com tantos simbolismos, tudo ganha uma camada ainda mais profunda principalmente por conta da forma que este filme é conduzido pelo diretor Goran Stolevski.

Créditos: Roadshow Entertainment

Com o fim do primeiro ato, somos transportados de 1999 para 2010. Aqui, Kol já está maduro, seguro da sua identidade e sexualidade. Adam também se encontra ainda mais decidido e certo de quem é.

Duas pessoas que se apaixonaram e se amaram em um curto periodo de 24 horas, agora são estranhos, sabem pouco um sobre o outro, mas ainda compartilham do mesmo olhar afetuoso um pelo o outro, a mesma preocupação.

Se a primeira parte do filme já causa emoções intensas, estes 30 minutos finais são cruciais nas sensações que querem arrancar de nós.

O roteiro também é certeiro quando deixa o final aberto à imaginação do telespectador. Nós queremos mais, nós queremos que eles sejam felizes e, se o filme não nos proporciona essas cenas, nós nos encarregamos de imaginá-las.

Conclusão

Em Outros Tempos é um filme doce, romântico, dolorido de assistir e que pode tocar “perto de casa” para qualquer um que já tenha perdido um amor por circunstâncias inevitáveis da vida. É o diálogo entre nosso cérebro e o coração em um cenários cheios de “e se“.

Um filme que bebe do enredo de “pessoas certas no momento errado“, que foram feitas para ficarem juntas, todavia a vida quis seguir o caminho contrário. Tudo isso banhado na descoberta de si, na luta pelo entendimento de quem você é e de quem você gosta.

Me alegra ver que quando poesia e cinema se cruzam, é possível obter obras com tamanho significado, impacto e beleza.

Apesar de não estar disponível em nenhuma plataforma de streaming aqui no Brasil, vale a pena dar o play e desfrutar deste filme tão lindo.

Veja o trailer:

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