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Rock Hudson: All That Heaven Allowed

Quando ouvi falar sobre Rock Hudson pela primeira vez, eu ainda era um adolescente, foi por meio das reportagens que anunciavam a morte de Elizabeth Taylor, impossível traçar a trajetória da atriz sem mencionar a amizade entre eles e como isso foi um fator determinante para que ela se tornasse uma importante voz durante a epidemia do HIV/AIDS nos anos de 1980.

A descoberta de Rock para mim foi algo impactante, saber que havia um ator que representava em todos os quesitos a figura do galã viril que a era de ouro de Hollywood precisava, e que se no cinema ele arrebatava o coração das mocinhas românticas, fora dele eram os homens que lhe interessavam. Era uma história que certamente mexia comigo. Pesquisava tudo sobre ele.

Apesar do triste fim acometido pela AIDS, haviam também histórias mágicas. Como as noites de martini de chocolate ao lado de Liz Taylor, das tarde de piscina em seu castelo (como ele chamava sua casa) lotada de garotões, ao que me lembro existe uma lenda que ele sempre brincava dizendo que “os morenos era Cary Grant e os loiros Randolph Scott“. Os relatos que encontrava me seduziam.

No documentário da HBO MaxRock Hudson: All That Heaven Allowed“, lançado em junho, a produção traça o retrato de um galã que não só tinha uma vida dupla, dentro e fora das telas, mas de alguém que em toda sua vida teve que dispor de atitudes dúbias para dar o próximo passo.

Da criança que não podia mencionar o sonho de uma carreira artística por ser algo muito “Sissy” para época. Do jovem sonhador que se submeteu a agente predador para ascender na carreira. Do ator promissor que precisou destruir a reputação de outro (Tab Hunter) para que a sua se mantivesse intacta. Do homem famoso e desejado que teve que recorrer a um casamento arranjado para afastar rumores de que era gay. Da estrela decadente que partiu para TV quando sua imagem já não era mais o arquétipo que o cinema procurava. De assumir sua sexualidade quando já não havia muito tempo pela frente. Na terra das oportunidades, tudo tinha seu preço, e ele pagou todos eles.

O documentário traz um ótimo acervo, entre entrevistas, manchetes e até um telefonema bem ousado entre Rock e um amigo. Um ponto interessante a ser destacado é a montagem do filme, entre uma história e outra é mostrado trechos de filmes que Rock participou, ali fica evidente que os rumores que envolviam o ator e sua vida privada eram usados de forma debochada para compor o roteiros de suas cenas.

Ver que todo esse imaginário que sempre o cercou antes e depois de sua morte foi explorado também durante toda a sua carreira em forma de humor, entremeado com os relatos de seus amigos e colegas de trabalho dão um tom melancólico ao documento tornando-o ainda mais forte e deprimente. Um filme necessário para debater a trajetória de figuras Queer em Hollywood, para que não nos esqueçamos de quem veio antes, suportando uma vida sufocada, para que não se repita, e sobretudo, pensarmos como devemos avançar, para que possamos viver All That Heaven Allows.

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