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Que Horas Eu Te Pego?

Uma mulher na casa dos 30 anos tem seu carro tomado por dívidas envolvendo os impostos de sua casa, como ela trabalha, também, como motorista de aplicativo a sua situação fica ainda mais crítica já que lhe é tirado um de seus ganha-pão. Sua outra profissão é como bartender serviço que não lhe dá grande condição financeira, foi assim que ao procurar em um classificado ela encontrou um casal disposto a pagar para que alguém “namorasse” seu filho.

A saga da mulher falida que no desespero para não perder sua casa, única herança de sua mãe, acaba prostituída por uma família rica poderia dar um belo filme dramático, mas “Que horas te pego?” é uma cativante comédia.

A Mulher de que estamos falando chama-se Maddie Backer e é interpretada pela atriz Jennifer Lawrence, que compõe uma personagem que aparentemente é muito segura e bem resolvida, mas que a medida que sua história vai se desenvolvendo demonstra que sua forma prática de lidar com seus conflitos nada mais é que uma casca criada pela a ausência do pai e a perda da mãe.

Esse tipo de personagem com problemas pessoais que desenvolve uma personalidade irreverente e espontânea é um estilo que cai muito bem na atriz e que há um bom tempo ela não explorava.

Os  pais de Percy Bercker (Andre Barth Feldman), Allison (Laura Benanti) e Laird Becker (Matthew Broderick), têm uma relação controladora com o filho, de tal modo, que querem garantir que ele não entre para universidade no próximo outono sem ter uma experiência mais íntima com uma mulher. É aí que entra em cena Maddie Backer.

Maddie, disposta a conseguir a recompensa por se relacionar com Percy, vai atrás dele no abrigo de animais em que ele realiza um trabalho voluntário. Ela consegue convencê-lo a sair mais cedo e pegar uma carona, ele ao desconfiar que aquilo pudesse ser um sequestro borrifa spray de pimenta no rosto dela, uma confusão e tanto, mas mesmo assim eles marcam um encontro para o dia seguinte.

Desde que Maddie e Percy se encontram, se desenrolam situações absurdas, como no encontro que acaba com eles nadando nus, ignorando as placas de proibição no local, aliás, enquanto Percy tenta alertar que existem avisos de segurança, Maddie, diz aquilo é apenas uma “sugestão”, demarcando a visão de casa um a cerca de regras.

A coisa complica quando um grupo de jovens se aproximam tentando roubar as roupas deles. Maddie impede que isso aconteça lutando nua contras os ladrões, no meio da confusão, ela e Percy se desentendem e ela tenta ir embora sem ele, ao que ele pula nu em cima do carro em movimento e ela continua dirigindo. Essa sequência envolve uma perseguição policial e um quase acidente com um trem, mas eles chegam bem em casa.

Depois dessa noite eles só não transam porque no momento de tirar a roupa Maddie percebe algumas erupções cutâneas no corpo de Percy por causa do “nervoso” do momento. À medida que os dois vão se conhecendo melhor, mais do que as diferenças de experiência de vida entre uma mulher na casa dos trinta anos e um garoto de dezenove, existe também a percepção que um tem do outro a partir do viés geracional.

Há nessa relação um entrave entre gerações. O filme se propõe a pensar o conflito geracional de duas formas, uma dentro do roteiro, com as diferenças entre os dois protagonista, e outra imbuída na comédia enquanto gênero cinematográfico.

Isso se evidencia quando Percy durante um encontro com Maddie é convidado para uma festa por uma amiga que também vai para mesma faculdade que ele. Após um desentendimento entre Maddie e Percy, eles entram separados na festa. Maddie ao procurar por Percy acaba por abrir algumas portas e se deparar com pessoas em cima da cama mexendo no celular, ao que ela exclama: “ninguém transa em festas mais”.

Logo em seguida, no meio de todo esse atrito os pais e donos da casa aparecem exigindo ordem e ela mais uma vez fica espantada que a festa foi dada com o consentimento dos pais e eles estavam em casa. Uma sátira comparando clichês de antigas comédias com novos modelos puritanos que vem ganhando força em grupos mais jovens.

O diretor do filme Gene Stupnitsky, que também assina o roteiro ao lado de John Phillips, tem em seu currículo várias comédia com os ingredientes principais que consagraram esse gênero, mas que nos últimos anos vêm perdendo espaço no cinema.

O filme traz toda essa atmosfera que esperamos de uma comédia adulta de verão, com a falta e/ou quebra de regras, com piadas envolvendo situações absurdas e pouco ortodoxas. Esse olhar despretencioso e sem compromisso justifica as intenções do filme em manter a proposta dessas comédias vivas.

O que tomamos de lição no fim das contas é que entre a decepção de descobrir toda a verdade e o alívio de salvar sua casa, Percy e Maddie, se afastam e se reconectam. Mas no final reconhecem que é na troca de experiências de um com o outro que podemos tomar lições e criar caminhos mais próximos.

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