Jane Apaixonada: Às vezes um final previsível é tudo o que precisamos
Conhecida mundialmente por obras como Orgulho e Preconceito (1813) e Persuasão (1816), Jane Austen foi a responsável por criar metas inalcançáveis quando o assunto é amor. No mundo da literatura e das adaptações cinematográficas, muitos apaixonados já suspiraram e sonharam em encontrar um Sr. Darcy para chamar de seu.
Apesar de escrever e criar histórias de amor que encantam, Austen, por sua vez, nunca viveu o tão almejado e fantasioso amor que colocara em prática em suas obras. E esse é o ponto de partida do livro “Jane Apaixonada: E se Jane Austen pudesse voltar no tempo e se apaixonar?” com autoria Rachel Givney publicado em maio de 2022.
Em 1803, Jane Austen sente toda a pressão da sociedade em suas costas, para todos os moradores de Bath, Inglaterra, é um absurdo que esteja próximo aos 30 anos e não tenha encontrado um marido ainda. Sua mãe a proibiu de escrever suas histórias, além disso, reforça sempre que ela não pode ser mais esperta que seu pretendente. Nenhum homem quer uma sabichona.
Depois de longos 7 meses sem nenhum pretendente, um rapaz finalmente a visita, enchendo-a de esperanças, porém não demora muito para que a notícia de seu noivado com outra chegue, levando consigo toda sua fé. Por conta dessa decepção, por indicação de terceiros, Jane conhece uma casamenteira que lhe confidência que o amor que ela procura, não está ali e ela precisará viajar para conhecê-lo.
E é por meio dessa viagem que Austen cai em 2020, dentro de um set de filmagens onde está sendo rodada a adaptação de um dos seus livros e conhece Sofia e Fred .
Vale a pena ler isso?
O livro apresenta uma linguagem complicada no começo e vai se simplificando conforme os capítulos, talvez seja para acompanhar o ritmo de escrita dá época em que estão se passando as cenas, uma linguagem rebuscada em 1803 e mais simples em 2020.
Isso de fato ajuda a manter o ritmo da leitura fixo, sem muitas complicações ou a necessidade de correr ao dicionário sempre que uma palavra nova surge.
Quanto a história em si, ela é exatamente o que nós esperamos dela. Ao ler a sinopse do livro, não precisamos de muito para presumir o final. Dividida entre o amor e sua carreira, é fácil deduzir o que Jane Austen escolherá.
No entanto, a forma como o desenvolvimento entre Jane e Fred é entregue, assim como a amizade de Jane com Sofia é descrita, conta com uma pressa que poderia ter sido contida. A impressão que fica é que, apesar de ter 392 páginas, tudo aconteceu rápido demais.
Jane se apaixona por Fred, tudo é recíproco e lindo, mas ao mesmo tempo, tão rápido que fica difícil de identificar qual foi a causa de tamanho amor. Além disso, a autora em diversos momentos tenta colocar a relação dos dois como um enemies to lovers, mas o que poderia ser lindo e empolgante nos passa a sensação de ter sido jogado ali única e puramente para ser algo (e não foi).
E é por essa razão que eu digo que o previsível as vezes é necessário, caso o livro tivesse terminado de forma diferente, seria difícil defender as escolhas de Jane Austen ou, até mesmo, ver sentido nas mesmas.
Não vou mentir que, apesar de ser um livro não tão impactante, me pegou desprevenida e em um momento sensível. Mesmo com todas as reclamações ali em cima, nas páginas finais algumas lágrimas foram derramadas.
“Jane Apaixonada: E se Jane Austen pudesse voltar no tempo e se apaixonar?” é um daqueles livros que ficariam perfeitos se adaptados para sessão da tarde. E, ao meu ver, isso não é um problema, pois uma vez que encontra o seu público alvo, essas obras conseguem se consolidar e ir longe.
Título: Jane Apaixonada: E se Jane Austen pudesse voltar no tempo e se apaixonar?
Autor: Rachel Givney
Ano de lançamento: 2022
Nota: 3,5
